Fluente em inglês e espanhol e com francês e italiano intermediários: como Anitta se vira em tantos idiomas? (2024)

Parte do reconhecimento que Anitta ganhou fora do país se deve a sua versatilidade na hora de cantar canções em outros idiomas.

Para investir na carreira internacional, a cantora de 29 anos decidiu se dedicar a novas línguas.

Em 2016, Anitta revelou que estava fazendo aulas de inglês e espanhol com foco em internacionalizar sua atuação.

Na época, mesmo com um diploma em inglês por ter feito aulas em uma escola de idiomas dos 10 aos 17 anos, ela sentiu que era necessário afiar as habilidades para se comunicar com mais liberdade.

"Me formei em inglês e sempre achei que sabia falar até ter que dar entrevistas. Agora, faço aulas para ter vocabulário e conseguir me expressar como me expresso em português", contou em entrevista a Fábio Porchat.

A artista disse em uma série de vídeos publicados em uma rede social que estudou italiano pela primeira vez na escola que frequentou em Honório Gurgel, no Rio de Janeiro, e começou a fazer aulas de francês em 2020, durante a pandemia. Apesar de não ser fluente nos idiomas, Anitta já lançou música nas duas línguas.

Ela também falou do assunto em uma entrevista ao "PodCats" em novembro de 2021. "Eu falo bem falado inglês, espanhol e português. Agora, com francês e italiano, eu consigo me virar. Não morro de fome lá [na França e na Itália]. Se eu for para lá, eu me viro", disse.

"O que vemos no caso de Anitta é que ela é 'cara de pau' no melhor sentido possível", analisa o professor de idiomas Marcelo Augusto Pires. "Ela não parece ter vergonha de se arriscar, errar, se corrigir e tentar de novo, e isso é fundamental quando você aprende novos idiomas".

Segundo ele – que fala, além do português, inglês, francês, alemão e italiano fluentemente – essa é uma das principais características que um estudante de idiomas precisa ter.

"Culturalmente, o brasileiro tem vergonha de se arriscar em novos idiomas. Ele pode até saber o básico, mas tem medo de falar, assume que está fazendo algo errado, e isso é o que mais atrasa no aprendizado", diz.

"É claro que tratando-se de Anitta, o dinheiro e o trabalho foram os maiores facilitadores. Afinal, ela pode pagar professores particulares que a atendam quando ela quiser, e também pode viajar à vontade para países falantes. Assim, mesmo que a trabalho, ela pode praticar".

O mestre em linguística Caio Almeida analisa que a cantora é uma exceção no contexto social e cultural do Brasil.

"No contexto brasileiro, aprender outro idioma é um privilégio. Aprender múltiplos idiomas, então, é uma rara oportunidade. Mas, com práticas básicas e ferramentas disponíveis no dia a dia, não é tão impossível quanto era 30 anos atrás", diz.

Pensando nisso, os profissionais listaram algumas dicas para quem quer ser poliglota como a cantora.

Abaixo, você vai ver a importância de:

  • Ter contato com a nova língua;
  • Praticar o idioma;
  • Não se acomodar no aprendizado;
  • Conhecer lugares onde o idioma é falado.

Tenha contato com o idioma

"Quando nós, pessoas ouvintes, aprendemos nossa língua materna, nosso primeiro contato com ela é através da audição e da fala. Ouvimos outras pessoas falando e reproduzimos. A gramática vem só depois", analisa Caio Almeida.

Por isso, ele defende a importância de ter contato com o idioma que se quer aprender. "Se você está começando, ouça músicas no idioma, ouça entrevistas de artistas que admira naquela língua. Todo pequeno contato conta".

Ver filmes, séries e documentários no idioma também ajuda no processo de aprendizagem e reconhecimento da língua, de acordo com o especialista.

A tática foi utilizada pela cantora Anitta enquanto aprendia inglês e espanhol. "Eu aprendi muita coisa com filme, com série, com música", disse ela no programa "Encontro" em 2019. "Eu pratiquei com músicas, pratiquei de formas criativas, com filme, colocando uma legenda para assistir, para acompanhar".

Anitta no Met Gala 2022 — Foto: Jamie McCarthy/Getty Images via AFP

"Assim como temos uma forma padrão da língua e uma maneira coloquial de falar em português, o mesmo acontece em outros idiomas. Ler e conhecer as regras é importante, mas o objetivo é conseguir se comunicar", explica Almeida.

O especialista, no entanto, não dispensa a importância da gramática na hora de conhecer outra língua. "As regras gramaticais fazem parte da história do idioma. Com base nelas, você sabe como o idioma surgiu e como ele mudou ao longo do tempo, aprende a identificar diferentes dialetos e entende o contexto onde está inserido", explica.

Pratique

Além de exercitar a audição, praticar a fala também é importante na hora de aprender um novo idioma.

"Saber ouvir e compreender o idioma não é saber falar. Especialmente no Brasil, onde as pessoas têm vergonha de praticar, vergonha da própria pronúncia. Mas a verdade é que a pessoa só vai melhorar praticando", diz o professor Marcelo Augusto.

E ele reforça: "Não tenha vergonha de se arriscar".

"Hoje, é possível tirar proveito da tecnologia na hora de praticar. A internet permite que a gente tenha contato com pessoas do outro lado do mundo, numa conexão imediata. Dá para ter uma conversa em outro idioma pelas redes sociais ou através de plataformas desenvolvidas especificamente para isso. É uma alternativa", avalia.

Não se acomode

Segundo os dois profissionais ouvidos pelo g1, um dos maiores erros dos estudantes de idiomas é se acomodar.

De acordo com o professor de idiomas, é difícil estabelecer um tempo mínimo ou máximo para aprender outra língua. "Se você pode fazer aulas diárias, provavelmente vai aprender mais rápido do que quem faz aula uma vez por semana ou a cada 15 dias", diz.

Marcelo avalia que o tempo também pode variar a depender do idioma. "Para um falante de português pode ser mais fácil aprender espanhol do que alemão, que é um idioma totalmente diferente".

Apesar disso, o importante é persistir.

"Nunca ache que você não está aprendendo, porque aprendemos o tempo todo. Então, estude sempre, seja revendo aquele filme antigo sem dublagem, seja lendo um livro novo em outro idioma", opina Marcelo Augusto.

E quem já fala não pode parar.

"O aluno não pode achar que sabe tudo. A língua, qualquer uma delas, é viva e está sempre mudando. Sempre temos o que aprender, mesmo que seja uma expressão, uma gíria. Por isso, estudar línguas é tão divertido", completa Caio Almeida.

Se puder, viaje

"Nem todo mundo que tem a chance de estudar um novo idioma consegue viajar para um país falante da língua. Mas, se você tem essa chance, faça isso", sugere Marcelo Augusto.

Segundo o professor, a necessidade de se comunicar no idioma com falantes nativos vai afiar o domínio da língua.

"A pessoa precisará se comunicar para conviver e sobreviver naquele ambiente. Seja para comprar comida ou para ir num parque. E isso, somado aos diversos cenários daquele ambiente, vai naturalizar e trazer experiência para o estudante", finaliza.

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